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Se muitos restaurantes usam na sua promoção a menção de terem uma carta de influência mediterrânica, e muitas vezes sem a correspondente prática, em contrapartida tem surgido uma literatura informadora e formadora sobre o que é, de facto, o cozinha mediterrânica. 

Título: Algarve Mediterrânico

Autores: Maria Manuel Valagão, Vasco Célio e Bertílio Gomes

Editora: Tinta da China

Se muitos restaurantes usam na sua promoção a menção de terem uma carta de influência mediterrânica, e muitas vezes sem a correspondente prática, em contrapartida tem surgido uma literatura informadora e formadora sobre o que é, de facto, o cozinha mediterrânica. Habitualmente todos falam ou propagam a dieta mediterrânea mas poucos sabem com precisão o que isso significa. Ora este livro é um exemplo feliz sobre o aparecimento do conceito, e da sua prática, numa região específica que é o Algarve sendo a região geograficamente mais próxima do Mediterrâneo.

O livro está muito bem organizado com um escrita fluente e de fácil entendimento. Conheço bem a autora, Maria Manuel Valagão, que tem trabalhos de grande mérito anteriormente publicados. A primeira parte do livro é constituída por textos sobre a história, a paisagem e a tradição. Seguem-se textos muito úteis sobre os produtos mediterrânicos algarvios. De seguida um capítulo sobre cozinha saudável: Oralidades e Patrimónios. E termina a primeira parte dedicada aos petiscos, convivialidade e festas. A sequência destes textos tem um sentido interessante desafiando o leitor a ler de forma continuada. Mas o livro é, especialmente, um instrumento para consulta permanente com receitas que ilustram os textos, em relação aos produtos ou às formas de os confecionar.

Na segunda parte do livro encontramos um trabalho que só um grande chefe de cozinha consegue fazer. Pegando na essência dos produtos, e numa forma de os valorizar, criara receitas de cozinha contemporânea que acompanham os textos num sentido dinâmico que a cozinha deve manter. Consequência da evolução da cozinha sem lhe criar roturas que a fazem distanciar da sua identidade regional. Muito bem Bertílio Gomes.

Para terminar uma nota especial para o autor das fotografias que tornam o livro ainda mais atraente. Parabéns a Vasco Célio.

Eis um bom exemplo de um livro que informa e pode formar. O conjunto e qualidade dos textos levam a entender que a dieta mediterrânica não é um slogan mas a constatação de uma prática alimentar que devemos desenvolver.

© Virgílio Nogueiro Gomes

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