MARIA DA ASCENÇÃO GONÇALVES C. RODRIGUES
COVILHÃ / FERRO
O carolo é a farinha de milho grosseira. Fica o milho partido aos bocadinhos e poucos chegam a fazer-se em farinha. Claro que pode ficar mais grosso ou mais fino conforme o gosto.
Para preparar as “papas” deita-se carolo num alguidar, com bastante água. Mexe-se bem de modo a vir o farelo ao cimo. Deita-se fora o farelo e continua-se a deitar água até o carolo estar limpo de farelo.
Deita-se então nova água no carolo de modo e deita-se a pouco e pouco, para outro alguidar, a água juntamente com algum carolo. Deita-se mais água no primeiro alguidar e repete-se esta operação até se passar o carolo todo a pouco e pouco para o segundo alguidar.
No fundo do primeiro ficam as areias que se deitam fora, lavando bem 1 alguidar. Torna-se a deitar mais água no segundo alguidar para onde se passou o carolo e continua-se a “arear” (é assim o termo próprio” até no fundo do alguidar não ficar areia nenhuma.
Deita-se então o carolo, assim limpo, para uma panela, com bastante água a ferver, de modo que o carolo coza à vontade e mexe-se sempre para não agarrar. Demora bastante tempo a cozer cerca de 2 horas.
Junta-se-lhe algum sal e cascas de laranja que se retiram na altura de comer. Vai-se-lhe acrescentando leite e adoça-se a gosto. Quanto mais leite tiverem e pouca água melhor ficam as papas.
As porções dependem do gosto da pessoa. Há quem goste das papas ralinhas e quem goste delas “comidas com um espeto” que quer dizer, rijas e a cortar em talhadas. Quando arrefecem embastecem muito.
Depois de cozidas, deitam-se para travessas, taças ou formas de pudins e enfeitam-se com canela. Também se podem enfeitar com fruta cristalizada, gingas de compota, nozes, avelãs, amêndoas, missangas etc…
Ficando por vezes uns lindos pudins de papas, com que muita gente se ilude, ao vê-los de carolo amarelinho, dando o aspecto de pudins de ovos.
*2 horas
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