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Pizza!

Haverá alguém que não saiba o que é uma piza? A piza transformou-se num emblema mundial de alimentação e identificada com a Itália. Parece inquestionável que a origem da piza é napolitana. Depois foi assumida por toda a Itália, unificada desde 1861, é agora uma especialidade que todo o mundo conhece, e consome. De uma massa de pão, guarnecida com queijo mozarela, rodelas ou massa de tomate e muitos orégãos parece ser a versão primeira desta iguaria. Mas quando terá começado?!

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Supõe-se que a mistura de farinha com água se deva à civilização egípcia. Parece que o movimento dos Cruzados no Mediterrâneo trouxe para Nápoles a tradição de cozer uma massa de pão, baixa e guarnecida com queijo ou outras gorduras, consumida já de forma popular no Oriente. Mas a versão atual parece não estar muito distante, no tempo, pela utilização quase obrigatória do tomate, produto apenas consumido em grande escala a partir do século XVII / XVIII. Possivelmente os inícios da piza representariam um papel importante na alimentação de resistência ou mais pobre. Há, no entanto, um acontecimento que transformou a piza em rainha, ou uma Rainha que virou piza. Estamos nos finais do século XIX, e numa vista dos reis, Humberto I e Margarida, da recentemente unificada Itália, a Nápoles encomendaram uma piza à casa mais famosa, Brandi, 11 de junho de 1889 e os proprietários quiseram homenagear a rainha e fizeram uma piza com as cores da bandeira de Itália. O vermelho representado pelo tomate, o branco pelo queijo mozarela e o verde com folhas de manjericão. E ficou a famosa piza Margherita, que tem honras de título do livro “A Rainha que virou Pizza”, 2007, do ilustre cronista e investigador Dias Lopes.

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Confesso que a piza para mim não significa uma refeição mas apenas uma pequena parte dela. Visitei Itália pela primeira vez nos anos 70 e comi então as primeiras pizas. Ora aí surgem-me como integradas nas entradas, anti pasti, comendo apenas um ou dois triângulos pequenos e com massa muito estaladiça. Depois comi piza também como um petisco em forma de merenda, ou entretenimento de boca antes das refeições. Talvez por isso, ainda hoje não consigo fazer uma refeição na qual a piza seja o único, ou principal, prato. Desde que conheci as pizas que me souberam sempre melhor as de massa muito fina, em especial se estiver estaladiça, e que se podem comer à mão. Eu entendo que as pressas e facilidades deste tempo lhe tenham dado tanta popularidade…! Talvez também por isso as pizas devem ser o produto cozinhado que constitui o maior número de entregas ao domicílio, delivery, e que mais facilidades tem de encomendas. E depois, mesmo que cheguem frias, não há nada como um forno micro ondas para reaquecer.

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Hoje em dia há pizas para todos os gostos, ou todos os paladares. Com massa fina e estaladiça, a minha predileta, ou massa mais encorpada e alta, as coberturas vão variando a gosto, ou entusiamo, de quem as faz. Até já temos várias pizas “à portuguesa”! Que não me incomodam muito desde que incluam produtos conhecidos e ligados à nossa identidade culinária como é o bacalhau. Agora acho insuportável que se façam e chamem “piza portuguesa”. A piza é italiana mas pode é ter produtos portugueses como são os nossos belos presuntos e enchidos, ou até algumas conservas como, por exemplo atum ou anchovas.

Todos os destinos turísticos mundiais renderam-se à popularidade, ou à facilidade da sua confeção. Mais um elemento de descaracterização da identidade cultural da alimentação de cada região, país ou continente. E a cozinha italiana é tão mais rica! Lisboa, como muitas outras grandes cidades está recheada de pizas, quer dizer, locais onde se comem pizas e até misturadas com outra cozinha de grande identidade que é a indiana. Talvez pela aproximação da base da piza aos pães tradicionais da Índia como são os naans.

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Pois quem gosta e aprecia, que coma pizas. Ou quem tem pressa e pouco tempo para cozinhar. A piza é o alimento mais prático para consumo, divulgado em todo o mundo. Até a linguagem se modernizou. Se no título da crónica uso o termo italiano, no texto uso o termo já adotado pela língua portuguesa: piza.

É verdade, a piza saberá melhor se acompanhada com vinho!

© Virgílio Nogueiro Gomes

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