A Colina do Horto, Juazeiro do Norte
Vista aérea da Colina do Horto
Da minha recente estadia no Cariri, região do Ceará, Brasil, esta será a última crónica. No próximo ano terei que voltar pois as visitas a Barbalha e Crato foram curtas não tendo recolhido material suficiente. Mas voltarei.
Quando cheguei ao local mais conhecido do Padre Cícero, esperava ver a grande estátua de branco que se vê em muitos cartazes. Pensava eu que estaria em frente à igreja principal e que seria o local de excelência das romarias. Erro meu ou má informação acumulada! O Horto, a Colina do Horto, local onde se encontra a famosa estátua é apenas um dos locais históricos e também um dos locais de peregrinação ou romaria. Distante alguns quilómetros do centro de Juazeiro, os romeiros fazem o percurso a pé, encontrando pelo caminho passos onde podem fazer orações. Pelo caminho teriam que comer e beber. Romeiros ou peregrinos, ou simples visitantes turísticos não esperem por grandes soluções gastronómicas. Não há tempo nem espaço para o pecado da gula. Encontrarão alimentação, simples e de custo baixo, e infelizmente dominados pela globalização alimentar italiana e americana. Seria bom encontrar soluções com alimentação local ou com produtos identificadores da região, Cariri. Ou pelo menos haver locais que serviço um prato reconfortante e regenerador que energias como é o mugunzá salgado que encontrei servido na Praça dos Franciscanos no centro de Juazeiro e que podem ler clicando aqui. Todas as vantagens de uma boa sopa que é uma refeição completa.
A estátua – Inaugurada em um de novembro de 1969, e tem 27 metros de altura. Projeto de engenharia de Rômulo Ayres Montenegro, a estátua foi concebida pelo arquiteto/escultor Armando Lacerda. Vê-se em volta de toda a região.
Escrevo hoje no último dia da primeira romaria do ano e que termina dia dois de fevereiro, conhecida como a romaria das candeias, romaria de Nossa Senhora das Candeias. Nesse dia haverá durante a tarde a romaria /bênção dos chapéus, um dos símbolos dos romeiros e à noite o desfile/ despedidas das candeias.
Na Colina do Horto começou por ter uma casa do Padre Cícero, e iniciou em 1890 na proximidade a construção de uma igreja dedicada “Ao Santíssimo Coração de Jesus” na sequência da acalmia da grande seca de 1889. No entanto a construção da igreja foi interrompida pelo bispo da diocese de Fortaleza em 1896 com a mensagem de dom Joaquim: nós não consentimos na continuação dessa obra. No entanto, Padre Cícero vem no seu testamento suplicar aos padres Salesianos que terminem a sua construção. Durante anos eram visíveis as ruínas do começo da obra, local onde hoje se encontra a famosa estátua branca de Padre Cícero, até 1940 que foram completamente destruídas pois os Salesianos optaram por outro local, e com novo projeto.
Desta vez vou apresentar fotos com legendas maiores. Sigam a sequência do meu passeio pela Colina do Horto:
Primeiro Cruzeiro, em madeira e local onde romeiros deixam as suas marcas com lembranças e velas, foi instalado na mudança do século XIX para o século XX e mantem-se no mesmo local, colocado no trajeto da estátua até à construção da nova Igreja de Bom Jesus do Horto
Nova Igreja do Bom Jesus do Horto, construção iniciada em 1999, tem altura máxima de 48 metros, 5.700 metros quadrados de construção e capacidade para 15.000 fiéis. Já se celebra missa no corpo central, especialmente aos domingos
Maqueta que o Padre Cícero terá trazido de Roma em 1898 para construir na Colina do Horto. Esta maqueta encontra-se no Museu do Padre Cícero na Rua de S. José em Juazeiro do Norte. Terá influenciado a construção da Igreja da Paróquia Salesiana Sagrado Coração de Jesus, na Rua Padre Cícero também em Juazeiro do Norte.
No regresso, e ainda na Colina, passámos junto ao muro em pedra, aqui com passagem para o exterior, construído como defesa da “famosa guerra de 1914”, terminada em 15 de março desse ano, com a deposição do Governador de Fortaleza Franco Rabelo. Na foto, ainda os valorosos guias, Cristina Holanda e Renato Dantas. Não se pode pedir mais, e a sorte que eu tive!
Pequena construção para receber, inicialmente, um Presépio e agora transformada em Capela do Menino Jesus do Horto, onde se encontram algumas figuras de presépio e imagem de santos cultuados no Brasil e também imagem de padre Cícero
“Casarão do Padre Cícero” – conjunto de três edifício unidos sendo o primeiro a entrada e que é a Capela Bom Jesus do Horto, e dá ligação ao segundo edifício que era a casa do Padre Cícero e onde funciona um Museu Vivo do Padre Cícero onde se podem observar uma vasta coleção de objetos e ex-votos de invocação ao Padre Cícero. O terceiro edifício seria destinado a uma obra ou ordem religiosa
Interior da Capela Bom Jesus do Horto sendo a porta do final direito a entrada para o museu. Também tem para visita a cozinha da casa
Reconstituição de uma refeição dos “próximos” sendo utilizado o famoso serviço francês que mencionei na crónica sobre o Memorial
Sala de saída com Padre Cícero e Beata Maria de Araújo
Já de carro descemos por outra estrada com paragem obrigatória da “Pedra do Joelho”
Cruzeiro da “Pedra do Joelho”
Consta a lenda que, depois da fuga para o Egito, e regressando à Palestina, Nossa Senhora, S. José e o Menino Jesus aportaram no Brasil e chegaram até à Colina do Horto. Cansada de palmilhar o caminho, Nossa Senhora encostou o joelho nesta pedra e o Menino Jesus apoiou-se com o pezinho deixando milagrosamente as marcas de santidade neste local! Os romeiros rezam, tocando nesta pedra: Estou na Luz, estou na Cruz, estou nos braços de Jesus
Imagem depositada na Igreja dos Salesianos em Juazeiro do Norte, em tamanho natural, cuja legenda me despertou a curiosidade:que veio de Lisboa. Citação que vem expressamente no testamento de Padre Cícero, que consultei, e deixada ao Salesianos. Gostaria de saber a origem de Lisboa: de onde, enviado por quem? Aqui não consegui descobrir.
Imagem aérea da romaria do dia 2 de fevereiro de 2018, à noite, junto da Igreja de Nossa Senhora das Dores, Foto de Augusto Pessoa
© Virgílio Nogueiro Gomes
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