ARACATI em visita
Pintura de parede como o brasão de Aracati
Visitei Aracati pela primeira vez em fevereiro de 2010 e fiquei com apetite redobrado para lá voltar. Pois desta vez lá aconteceu e segui em expedição cultural muito bem acompanhado pelos meus amigos, poços de sabedoria, Gilmar de Carvalho, Wagner Pereira e Walden Luiz a quem devo o sucesso destes dias. Foram dias cheios de curiosidades e vistas a locais que um vulgar turista não tem acesso, ou para onde não pouco recomendados. As questões do turismo cultural para estas bandas não são fáceis. Será que se motivaram de forma excessiva para as praias e festas com música? Também serão importantes mas há muitas mais para além daquelas motivações. E eu pergunto muitas vezes, quando felizmente há chuva, o que fazem aos turistas para não se irritarem dentro dos hotéis ou alojamentos de férias.
Em Aracati um conjunto arquitetónico e paisagístico na cidade foi classificado (tombado) como Património Histórico Nacional, 2000, e compreende trechos da ruas de Coronel Alexanzito e Coronel Pompeu e ainda alguns edifícios próximos como o Mercado Central, a Igrejas Matriz e a Igreja de N. Senhora do Rosário dos Pretos. Nas ruas já citadas também alguns edifícios são alvo de classificação como o edifício do Paço Municipal e Cadeia Pública e a casa do Barão de Aracati onde se encontra instalado o Museu Jaguaribano entre outros.
Fachada da Casa Ponciano
Para começar o dia, quis saber onde poderia tomar café expresso mas o melhor só abriria às 2 da tarde, fomos à tradicional Casa Ponciano, beber uma especialidade: suco (sumo) de tamarindo. Já conheci muitas especialidades gastronómicas com tamarindo, possivelmente instalado no Brasil vindo das Índias, mas em refresco?! Segundo Ana Luiza Trajano o tamarindo …Em função da acidez, quase não se come in natura, mas a polpa densa e avermelhada tem utilidade no preparo de refrescos, doces, picolés, e molhos para acompanhar receitas salgadas. (Em Misture a Gosto, Melhoramentos, 2015). A receita do Senhor Fernando Ponciano, o Nandinho, é um segredo que não revela. O sumo tem um sabor intenso, invulgar mas muito refrescante. Lá íamos atirando com ingredientes aos quais ia acenando positivamente mas a lista não foi fornecida. Acertámos no tamarindo, na canela, no cravinho, no gengibre…? Bom era, e apete lá voltar. Será que os turistas sabem desta surpresa? Deve ser servido muito fresco.
O sumo de tamarindo
Não resisti à vontade de tomar um café expresso, e depois das 14 horas lá me dirigi ao Café D’ Amélia. Um local um pouco surpreendente. Recebido por Moacir Morran, autor de cordel, sou informado que é um espaço cultural e que também serve como um café/ bar e alguns alimentos. Várias salas do que parece ter sido uma casa de habitação, mostra-se livros para venda e faz-se cortesia de dois livros de cordel de sua autoria: “Saudade de Minha Amada” e “A Feira do Alecrim”. O café expresso parecia já ter pouca importância, mas não abdiquei dele e pareceu-me que sabia ainda melhor! A conversa sobre a programação cultural do local foi uma boa surpresa. No local ainda se vendem licores de produção local apesar da aguardente vir do Maranhão.
Os licores em venda
Voltei uma segunda vez ao Café D’ Amélia. Para um fim feliz depois de um jantar menos animador cansados de sacudir tanta mosca e tentar afastar tanto mosquito. Naturalidades que acontecem a quem come ao ar livre depois de tanta chuva. Desta vez fomos recebidos pela neta da Dona Amélia, Mirela Costa, que nos conta com emoção ter aberto este espaço em 2014 para homenagear a sua Avó que celebraria o seu centenário. Foi uma mulher cheia de coragem e de preocupação social, catequista e envolvida em projetos de soluções para populações menos protegidas, ajudou a fundar o hospital que é hoje o Hospital da Mulher e Maternidade. Pela Dona Amélia e pelo serviço que o local presta vale a pena visitar. E, para além de tomar um bom café expresso, comer uma sobremesa.
Retrato de Dona Amélia no Café
Neste dia ainda tempo para fazer uma visita ao Museu Jaguaribano instalado na casa que foi do Barão de Aracati e em edifício anexo. Em três pisos podemos observar a atividades económicas de Aracati, agrícolas e industriais, e um coleção de mobiliário de casas ricas especialmente do século XIX, bem como uma cozinha bem equipada, e ainda uma coleção de arte religiosa.
Algumas peças cerâmicas da gloriosa Fábrica das Devezas em Portugal
Mas os passeios que demos nas ruas classificadas, detendo-nos a observar as fachadas dos edifícios, são mais uma razão para querer voltar a Aracati. E visitar as igrejas que estavam fechadas.
Voltarei!
© Virgílio Nogueiro Gomes
Fachada do Museu Jaguaribano
Fachada do Paço Municipal
Fachada da Igreja de N. Senhora da Medalha Milagrosa
Fachada da Igreja Matriz
Fachada do Café D’ Amélia
Detalhes da Cozinha do Museu Jaguaribano
Interior da Igreja de N. Senhora do Rosário dos Pretos
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