Caçar, no prato
Nunca fui caçador. Enquanto vivi em Trás-os-Montes lá me distraía a fingir que era caçador acompanhando o meu Pai e, por vezes, quando passávamos a fronteira na Serra de Montesinho, eu caçava alguns caramelos nas povoações da proximidade, e o meu Pai pendurava as perdizes que gostava de caçar, a sério. Ir à caça era um fim de semana diferente, no campo, que nos alegrava. Por vezes nós, os mais pequenos, ficávamos em lameiros onde colocávamos algumas ratoeiras ou armadilhas e chegávamos com passarinhos para alguém que seria a vítima a depenar para depois fritar, ou fazer com um arroz malandrinho. Mas hoje, não é para vos contar as minhas aventuras e desventuras da caça. É sobre a forma mais cómoda de apreciar a caça, que é no prato.
Interrogo-me muitas vezes com a modernidade de servir caça fora da sua época de abate. Não é que não haja formas de conservação. Mas não consumir fora da época é uma foram de impedir o açambarcamento que poderá criar desequilíbrios na Natureza. Alguns países do centro da Europa impedem o seu consumo, em locais públicos, fora da época de abate autorizado. A mim a caça não me sabe bem com o calor do verão. E depois habituei-me a comer caça coma achegada do frio!
Desta vez apresente parte do programa de caça 2016 do restaurante Varanda de Lisboa do Hotel Mundial que irá decorrer, ao almoço e ao jantar, de 8 a 27 de novembro de 2016. Afiem os dentes e a vontade.
Eis a refeição que já fiz:
O Outono, ou os locais por onde anda a caça
Empada de pato em massa folhada com compota de figos e nozes
Perdiz com puré de castanha e chutney de cebola roxa
Lebre com feijão e espargo verde, lebre que depois de cozinhada é desfiada e coberta de foiegras e terminada no forno
Tarte de castanhas, marmelos cozidos em Moscatel e romãs, em excelente combinação
Vinho branco para as entradas
Vinho tinto para a caça
Bom apetite!
Crónica de Virgílio Nogueiro Gomes
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