25 é Dia de Maracatu | Crónica Virgílio Nogueiro Gomes

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25 é Dia de Maracatu

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Maracatu Rei Zumbi

Comecei com a prática de, em cada 25, editar uma crónica sobre o Maracatu de Fortaleza. No mês passado escrevi sobre a figura do Baliza apresentando fotos dos maracatus que mantêm a sua presença. Desta vez irei escrever e apresentar fotos da personagem do incenso definido por Pingo de Fortaleza: Defumador: Figura com fantasia livre, mais parecida com negras e/ou baianas, que carrega um incensário e pode caminhar por todas as alas do maracatu, perfumando e protegendo o caminho por onde o cortejo passa. Às vezes, se concentra na ala da corte, em Maracatu Az de Ouro, 2007. Danielle Maia Cruz, em Maracatus do Ceará, 2011, escreveu: Alguns passos atrás do porta-estandarte vinha um senhor trajando uma longa túnica branca. Contrastando com a brancura da roupa, havia duas fitas atravessadas em seu corpo de cores verde e vermelho. O homem carregava em suas mãos um objeto exalando fumaça perfumada da queima de incensos. Sua posição no desfile não era fixa, pois ele percorreu a avenida acompanhando diferentes alas. No entanto, grande parte do tempo, o incensário se posicionou atrás do porta-estandarte.

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Maracatu Nação Palmares

No Dicionário de Arte Sacra e Técnicas Afro-Brasileiras, de Raul Lody, 2003, para o verbete Defumador podemos ler: Fogareiro de barro, usado como braseiro para as ervas e outros preparados que deverão defumar pessoas e ambientes. Também aparecem latas recicladas e outros em folha metálica que seguem morfologicamente o turíbulo da Igreja Católica. O mesmo que incensador... Os defumadores e defumações atuam no corpo, nas casas, estabelecimentos comerciais e nos terreiros. Entre as muitas fórmulas há a de guiné, alecrim, arruda, entre outras. Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro, 1954, dá muita importância ao verbete Defumação, citando especialmente o Padre Lopes Gama e a sua obra O Carapuceiro, Recife, 1838, apresentando, inclusive, uma oração para rezar em simultâneo com a defumação: Nossa Senhora defumou o seu Bento Filho para cheirar; eu defumo o meu para sarar. Não podemos assumir que a defumação seja exclusiva das religiões africanas ou afro-brasileiras. Na Igreja Católica, em muitos atos cerimoniosos, assistimos ao celebrante incensar com o turíbulo, o altar, o livro dos Evangelhos... Não podemos esquecer que quando Jesus nasceu recebeu as ofertas reais de ouro, incenso e mirra!

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Maracatu Nação Iracema

A função do defumador nos maracatus e nos afoxés é de abrir caminhos e defumar todo o grupo. Por isso se pode deslocar em todo o desfile. Calé Alencar, no opúsculo Origem e Evolução do Maracatu no Ceará, 2008, apresenta a defumação através da Negra do incenso que define como: negra que conduz o incenso ou defumador, usado para abrir os caminhos e perfumar o itinerário do cortejo.

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Maracatu Axé de Oxóssi

Mais um exemplo da fusão de contribuições de origem cultural, religiosas ou não, para uma tradição ancestral e por vezes pouco explicadas. Nem todos os maracatus apresentação negas de incenso ou defumadores cuja função seria o respeito pelas entidades superiores, o pedido de proteção, a sinalização do cortejo ou outras. Em todos os detalhes do maracatu vamos encontrar uma resposta do início de religiosidade a que estes grupos estiveram ligados.

Eis o registo deste ano. Fraco trabalho deste fotógrafo que não pede aos brincantes para pararem, a sua evolução em dança, e fazerem pose para a foto.

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